domingo, 15 de junho de 2008

Disseram-me. Eu acreditei.

Disseram-me que eram risos. Risos autênticos, mesmo que descentralizados. Perdidos em ruas estreitas demais para nos deixarem rodopiar sobre nós mesmos. Um abraço com música de fundo. Um beijo acompanhado pelo som frenético da orquestra. Disseram-me que era noite. Uma eterna noite gelada. Feita de mãos frias com cigarros presos entre os dedos. E fumos confundidos entre a humidade e as lágrimas quentes que escorrem pela cara redonda. Disseram-me que eram corações cheios. De bom ou de mau. Mas sempre cheios. Mesmo quando partem presos a um comboio. Acordar com uma garrafa de álcool ao alcance das mãos e não a largar mais. Porque sim. Mais tarde, vamos olhá-la de novo e vamos querer abri-la. Vamos abri-la e vamos querer prová-la. Vamos prová-la e vamos rir e chorar para as nuvens.Deitar a mão ao bolso do casaco e descobrir um morango. Disseram-me que eram corpos cansados estendidos na relva fresca. E olhares colados a céus estrelados. Disseram-me que Juventude era isto. E eu acreditei.

(Um dia, a eterna noite gelada chega ao fim. E o céu perde os brilhantes. Os pequeninos brilhantes que quase se tocavam e descolavam lá de cima, com as pontas dos dedos.Um dia, a noite perde-se. E o céu, em vez de ficar limpo, só acinzenta.Nesse dia, entendemos que a Juventude não é mais do que uma ressaca psicológica. E que, essa sim, provoca efeitos secundários.)

Carolina