domingo, 19 de outubro de 2008

Vento. Branco. Contorno.


Acordei com o som da chuva a bater-me na janela, levantei-me pela perda de sono e pela vontade de sentir essa água escorrer-me pelos ombros e pela cara deixando-me cheia de vida de novo.
Tirei as roupas molhadas e enrosquei-me numa toalha de praia verde onde pude sentir o sal do mar da última vez que tive nela contigo. Soube-me a saudade.
Vesti um daqueles vestidos que só aparecem nos filmes felizes, onde aparece uma rapariga a correr pelos montes com o cabelo a contornar o vento e o vestido a adaptar-se a ela e ao espaço envolvente, e sim, era branco, e largo, e leve. Vi-me dentro dele e saí do meu ninho sem direcção. Desci a rua e o asfalto começou a tranformar-se em relva onde um caminho de pedras, que percorri aos saltos, me levou ao ponto mais alto em que já tive, onde de lá podia ver o que os meus olhos queriam ver, tudo o que eu imaginava querer naquele momento apareceu à minha volta. E eu queria chegar até essas coisas boas, desci do cume, na pressa de as alcançar, dei passos pouco cuidadosos, tinha medo que alguém chegásse primeiro. Tropecei. Caí.
Abri os olhos, enquanto estatelada no chão, e vi um dente de leão, peguei-lhe ao colo, não o queria destruir. Agora tinha uma ferida no joelho e os desejos na mão, nada ia mudar isso.


Carolina

Sem comentários: