terça-feira, 29 de julho de 2008

14.11.2001 - 29.07.2008


A leishmaniose canina é uma doença grave e frequente, embora pouco conhecida pelos donos dos cães.
A transmissão da doença é feita através da picada de um insecto, tipo mosquito, que pode ser fatal para os cães. Considera-se que todo o território português tem a presença destes insectos mas as zonas com maior risco de contaminação são Lisboa, Setúbal, Trás-os-Montes e Alto Douro, a Beira Interior, grande parte do Alto e Baixo Alentejo e o Algarve.
Nalgumas regiões a leishmaniose aumentou mais de 100%, no período de menos de 10 anos, e outras regiões, onde anteriormente o risco de infecção era reduzido, passaram a apresentar um risco significativamente maior.
A leishmaniose não tem cura definitiva e existem vários tipos de manifestações. A altura do ano mais preocupante é durante a Primavera e os sintomas demoram em média três meses a revelelarem-se. É importante uma visita regular ao veterinário, quanto mais depressa for diagnosticada mais fácil é a recuperação.



A leishmaniose levou a minha cadela, Maggie, os sintomas começaram na segunda semana de Julho, fraqueza, gengivas brancas devido à falta de circulação sanguínea e olhos dilatados (para além destes há muitos outros sintomas variando com o tipo de leishmaniose), levámo-la ao veterinário e não voltamos com ela, ficou lá até hoje, onde a decisão de a abater foi inevitável.

Seis anos,oito meses e quinze dias. Tudo se resume a isto.
Foste presente de anos, dos meus dez anos, lembro-me como se fosse ontem. Cheguei a casa e vieste tu com os teus três meses e três quilos, acompanhada de baba e de um laço enorme vermelho à volta do pescoço. Ficam comigo as melhores memórias e o reconforto de saber que estás melhor agora do que antes estavas.

Carolina

terça-feira, 22 de julho de 2008

Quatro patas

Tenho medo de não te voltar a ver a correr atrás do próprio rabo.
Tenho medo de não voltar a acordar com o teu ladrar.
Tenho medo de não te ver saltar o portão atrás dos gatos.
Tenho medo que não me faltes para cima nunca mais.
Tenho medo que não me sujes a roupa só pela felicidade de me veres.
Tenho medo de não te voltar a dar banhos de mangueira.
Tenho medo de não voltar a encher a tua taça.
Tenho medo de não me voltares a acompanhar quando vou ao lixo.
Tenho medo de não voltar a sorrir quando andas atrás das moscas.
Tenho medo...

Na esperança que fiques melhor.
Da dona.

Carolina

segunda-feira, 21 de julho de 2008

.

Tenho ciúmes. Tenho inveja.


Carolina

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Chão



Acordo, levanto-me, pés no chão
Banho, dispo-me, roupa no chão
Saio do banho, seco-me, toalha no chão
Pequeno-almoço, abro pacote do leite, leite no chão
Escola, corredor, mochila no chão
Almoço, Pingo Doce, almoço no chão
Momento, rir e rir mais, rir tanto que... no chão
Desenho, inspiração, no chão
Fuga, procura de oxigénio longínqua, raiva, no chão
Casa, quarto, mochila no chão
Férias, descanso, logo no chão
Aquelas conversas, algo de necessário, logo no chão
Desespero, humilhação, beira de um ataque de nervos, no chão
Felicidade, orgulho, explosão de emoções, no chão
Momentos de espera, impaciência, no chão
Cansaço, exaustão, no chão

Chão, o único espaço em que realmente as coisas pertencem onde devem.
Chão, o único espaço em que realmente sou 100% fiel a como me sinto.

Carolina

terça-feira, 15 de julho de 2008

Metade



És as pegadas inexistentes na areia.
És a toalha vazia ao meu lado na praia.
És o lugar desocupado na mesa.
És a cama por abrir num quarto.
És os sapatos arrumados numa parteleira.
És a sombra quieta de uma flor.
És interruptor desligado.
És tomada fora da ficha, sem energia.
És presença ausente.
És corpo frio.
És a falta.
És saudade.
És o som nenhum de passos no soalho.
És fernezim silencioso de uma campainha.


Mas és muito.

Saudade da tua presença perto de mim. Faltam 26 dias para voltares.
Foda-se.

Carolina

Água



Quando o vento sopra e não há nada a acrescentar a não ser o sal na pele e a areia no cabelo.
Quando o mar avança e te toca nos tornozelos fanzendo recuar o corpo.
Quando a onda se aproxima e há uma decisão a tomar, pois há que passar por ela, decisão entre o mergulhar sentindo a derrota, ou indo por cima dela ficando somente a sensação de suspensão.
Quando voltamos ao nosso porto de abrigo, retiramos o que resta deste dia, vai tudo com a água novamente, fica somente a memória que vencemos, ou não.

Carolina

domingo, 13 de julho de 2008

E se..

Sentimos MEDO de falar, de não dizer as coisas certas na altura adequada, de sermos mal vistos. Sentimos MEDO por pensarmos que outros nos achem pouco dignos ou completamente inapropriados. Sentimos MEDO de agir, de fazer o que queremos por pensar que não é assim tão certo, que não tem lógica, que não faz sentido e que vai acabar em nada senão numa perda de tempo. Sentimos MEDO de expressar a nossa opinião, o nosso ponto de vista, só por pensarmos que os outros não vão concordar, porque vão pensar que não batemos bem. Sentimos MEDO de fazer aquilo que mais amamos, enquanto que o deveriamos expôr, gritar ao mundo com todas as nossas forças, escondêmo-lo, fechamonos num mundo só nosso, por pensarmos que não vai ser bem aceite.

Quantas vezes pensamos se morresse amanhã faria isto, se tivesse só mais um mês de vida faria tudo de forma diferente, ora bem, esse momento não é amanhã nem daqui a um mês. Cada vez me apercebo mais que essa vida parela a vida onde faríamos tudo sem pensar 'e se..' é esta mesmo, neste momento.

Frases como viver até à última, viver como se morresse amanhã tornaram-se tão banais, quero pelo menos que sejam ditas de forma credível, sentidas e postas em práctica, não ditas da boca para fora.

Carolina

Fez-se luz

Esta semana deu para perceber muitas coisas, aprendi que o sol nasce todas as manhãs e se põe todas as noites, que a lua reflete a luz no mar, que o cheiro a relva acabada de cortar me faz doer a cabeça, que o cloro da piscina me põe os olhos vermelhos, que lima é muito melhor que limão, que o gelo tira o gás da coca cola, que os alemães so sabem dizer 'merci'.

Descobri a utilidade dos bancos a caminho da praia.

Sinto-me retardada mental por publicar este texto. Mas também nao quero saber.

Carolina

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Soon you'll understand

I will never love you more than Tim Burton's movies.
I will never love you more than nights with my best friend when we talk about stupid things like feelings and men.
I will never love you more than my boyfriend when I was 14.
I will never love you more than have meeting Salvador Dalí, for me he is more than god.
I will never love you more than laughing out laud in public.
I will never love you more than singing in the shower.
I will never love you more than kisses all day.
I will never love you more than cuddles all night.
I will never love you more than long days shopping.
I will never love you more than singing in the subway pretending nobody can´t listen.
I will never love you more than swimming far away from coast.
I will never love you more than smoking and drinking with my m.a.
I will never love you more than music.
I will never love you more than roller coasters.
I will never love you more than watermelons in the summer.
I will never love you more than cockies with milk in the middle of the night.
I will never love you more than ice cream in the winter.
I will never love you more than my mother's hug.
I will never love you more than travelling with no destination.
I will never love you more than New York city.
I will never love you more than my camera.
I will never love you more than not having an umbrella when it's fucking raining.
I will never love you more than sunrise&sunset.
I will never love you more than art.


You say you love me more than all the girls you've had before, even more than music, even more than yourself, even more than everything, but it's just a lie, so I will never love you more than anything.

Carolina

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Até agora



















Não há nada como sair do nosso meio ambiente para perceber que ele não é o único que nos acolhe.
Não há nada como sair do que chamamos limite.
Não há nada como conhecer o limite das outras culturas, dos outros mundos dessas outras gentes.
Não há nada como poder dizer o que bem nos apetece sem nos preocuparmos porque ninguém vai perceber o nosso dialecto.
Não há nada como viajar, perto ou longe, só ou acompanhado. Simplesmente sair.
Vale mais que ler 27 enciclopédias.
Não há outra coisa que mais me preencha. Até agora.

Carolina

domingo, 22 de junho de 2008

Duas Semanas

Serão duas semanas de novas experiências. Duas semanas sem pegar no telemóvel e em que a bateria vai durar no mínimo 5 dias em vez de um só.
Queria que coubessem na mala, que passássem por shampôs ou calças.

Carolina

sábado, 21 de junho de 2008

Primeiros passos

Porque é que ver as costas de uma pessoa aperta tanto cá no fundo? Aquele momento em que o olhar se desvia na direcção oposta, o rodar de calacanhares e os primeiros passos.

Seguido da esperança que o som desses mesmos passos pare e de repente os comeces a ouvir com menos espaço de intervalo. Até que alguém nos toca.

Como alguém me disse 'Isto não é uma despedida. Só vai demorar mais algum tempo até te tornar a dizer olá.'


Carolina

sexta-feira, 20 de junho de 2008

The Evolution of Dance



Está genial.

Carolina

Consequentemente

Claro que não. Porque eu sou boa para estar as 3.30 na estação de carcavelos.
Claro que não. Porque eu sou boa para emprestar dinheiro para comprares um gelado (mesmo sabendo que nao vou voltar a ver o brilho da moeda que te "emprestei").
Claro que não. Porque eu sou boa para dizer aos teus pais que estás comigo quando não estás.
Claro que não. Porque eu sou boa para ver 'O massacre no Texas'.
Claro que não. Porque eu sou boa para te ouvir.
Claro que não. Porque 'eu sou totalmente especial'.
Claro que não. Porque eu te faço massagens no pescoço quando bem entendes que te está a doer.
Claro que não. Porque sempre que precisas de um elástico em educação física eu to dou.
Claro que não. Porque eu respondo às tuas mensagens (seja a que hora for).
Claro que não. Porque trocamos testes só para tu (!) teres mais que oito.
Claro que não. Porque eu vejo a nascer do sol contigo (mesmo quando ele ja está bem grande no centro do céu).
Claro que não. Porque eu gosto de rir do que fazes (mesmo quando não tem piada).
Claro que não. Porque te explico geometria por telefone e repito cada vez que não percebes (ou não queres perceber).
Claro que não. Porque demoro mais tempo nas apresentações orais só para não apresentares.
Claro que não. Porque vou ter contigo a casa quando não te deixam sair.
Claro que não. Porque faço o que penso e tenciono fazer.
Claro que não. Porque te diverti quando brincámos com o sistema de rega.
Claro que não. Porque te avisei que vinha aí um tractor quando nos deitámos no meio da estrada para ver as estrelas.
Claro que não. Porque te cortei o tornozelo só para acreditarem que te tinhas magoado.
Claro que não. Porque escrevo mensagens queridas nas tuas pulseiras, nos teus sapatos, nos teus braços.
Claro que não. Porque tu sabes que me preocupo (demais).

- Sabes, às vezes penso que me preocupo demais com os outros e que nem sempre vale a pena.
- Claro que não!

Às vezes há momentos em que tudo nos bate à porta, consequentemente pensamos em tudo o que não devemos.

Quero ser mais do que aquelaqueestásemprelá. Quero ser aquelaqueestásempreparasiprópria e que tem quemestejasempreláparaquandoforpreciso. Por uma vez na vida.

É isto.


Carolina

terça-feira, 17 de junho de 2008

Anything




Carolina

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Tenho de te contar uma coisa

Tenho de te contar uma coisa, sim, tenho de te contar, a ti, uma coisa.
Disseram-me mais ou menos isto hoje e percebi o quão reconfortante é ouvir essas palavras. Gostei.

Carolina

domingo, 15 de junho de 2008

Disseram-me. Eu acreditei.

Disseram-me que eram risos. Risos autênticos, mesmo que descentralizados. Perdidos em ruas estreitas demais para nos deixarem rodopiar sobre nós mesmos. Um abraço com música de fundo. Um beijo acompanhado pelo som frenético da orquestra. Disseram-me que era noite. Uma eterna noite gelada. Feita de mãos frias com cigarros presos entre os dedos. E fumos confundidos entre a humidade e as lágrimas quentes que escorrem pela cara redonda. Disseram-me que eram corações cheios. De bom ou de mau. Mas sempre cheios. Mesmo quando partem presos a um comboio. Acordar com uma garrafa de álcool ao alcance das mãos e não a largar mais. Porque sim. Mais tarde, vamos olhá-la de novo e vamos querer abri-la. Vamos abri-la e vamos querer prová-la. Vamos prová-la e vamos rir e chorar para as nuvens.Deitar a mão ao bolso do casaco e descobrir um morango. Disseram-me que eram corpos cansados estendidos na relva fresca. E olhares colados a céus estrelados. Disseram-me que Juventude era isto. E eu acreditei.

(Um dia, a eterna noite gelada chega ao fim. E o céu perde os brilhantes. Os pequeninos brilhantes que quase se tocavam e descolavam lá de cima, com as pontas dos dedos.Um dia, a noite perde-se. E o céu, em vez de ficar limpo, só acinzenta.Nesse dia, entendemos que a Juventude não é mais do que uma ressaca psicológica. E que, essa sim, provoca efeitos secundários.)

Carolina